quarta-feira, 25 de maio de 2011




Entrevista



No passado dia 28 De Março de 2011, dois dos membros do nosso grupo escolar foram, cujos nomes Denise Ferreira e Patrícia Lopes, realizaram uma entrevista ao Dr. António Paiva, no Hospital da Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro na forma de obter algumas respostas em relação à sua vida profissional e à sua vida pessoal.

- Dr. com que idade se tornou psiquiatra?

- E então… com que idade me tornei psiquiatra?! Aos 32 por ai… há 18 anos fazendo as contas. (risos)

- O seu nome completo?

- António Paiva. António Carlos Nunes da Cruz Paiva.

- Já alguma vez pensou em desistir?

- (Dr.) Hum… de ser psiquiatra?!
- (Patrícia) Sim… Da parte que exerce como coordenador?
- (Dr.) Sou coordenador há tão pouco tempo quer dizer, se quisesse desistir já estávamos mal (risos) … Não, do trabalho não, gosto do meu trabalho.

- E a sua família sempre o apoiou?

- (Dr.) Se a minha família me apoiou?! Apoiou.
- (Denise) Nunca houve objecções?
- (Dr.) Hum…Não, nada de especial.

- Consegue dividir a sua vida pessoal da profissional?

- (Dr.) Tem dias… Tem dias.

- É difícil ser o Dr. António Paiva?

- (Dr.) Não é uma parte simpática.
- (Denise) E é difícil ser António Paiva sem ser Dr?
- (Dr.) Não, também não.

- E tem tempo para estar com a sua família?
- (Dr.) Tenho…
- (Patrícia) E eles não reclamam entre “ ”.
- (Dr.) Não, acham imensa piada ter um pai psiquiatra… (Pausa e partilha uma foto das suas filhas). São estas aqui, são a minha família. São as minhas filhas. Não reclamam nada como podem ver (risos)

- Na sua família existe algum caso com doenças mentais?

- (Dr.) Hum… Sempre se tem um bocadinho de problemas mentais (risos) Não é? Uns piores que outros. (Pede para olhar para um poster na parede do seu consultório onde se encontra um senhor) Vocês sabem quem é aquele senhor ali?
- (Denise) - O seu pai?!
- (Dr.) - Não, não é o meu pai, é o melhor psicanalista português… Coimbra de Matos.

- E não tinha outras escolhas profissionais senão entrasse neste âmbito?

- (Dr.) - Futebolista. A sério. (Risos)
- (Denise) – É… é o oposto…
- (Dr.) – É, sempre fui bom atleta por sinal nas barreiras. (Risos) Eu gosto de correr.
- (Denise) - E porque não essa opção? Ser Atleta ou futebolista?
- (Dr.) – Como atleta não recebia nada por isso.

- Nunca foi descriminado entre “ “? Como: “Olha aquele médico maluco” ou dos pacientes malucos?

- (Dr.) – Não…
- (Patrícia) - Nunca?!
- (Dr.) - Não.

- Já houve algum caso no Hospital que o tenha marcado?

- (Dr.) – Peço desculpa mas não vou dizer isso.
- (Patrícia)- Porquê?
- (Dr.)- Porque são coisas profissionais.

- Acha que faz o suficiente para ajudar os pacientes neste Hospital ou que poderia fazer mais?

- (Dr.) – Os pacientes quê? Psiquiátricos?
- (Patrícia) - Sim…
- (Dr.) – Se eu acho que faço os possíveis? Sim faço os possíveis. Tento sempre fazer o melhor.

- Já foi atacado alguma vez? Ou alguém daqui do Hospital por algum paciente gravemente?

- (Dr.) – Fui roubado. Uma vez no metro (risos) Aqui não… não.

- Quais são as actividades que existem para distrair os pacientes?

- (Dr.)- Não… Não porque é assim nós não estamos aqui para distrai-los, são doentes psiquiátricos e não crianças. São pessoas doentes e portanto não se distraiam e actualmente tem actividades terapêuticas mais ou menos música para os ajudar mas pronto é importante perceber que não são deficientes, os doentes psiquiátricos não se distraiam. (Pausa) Você por acaso já pensou se alguma vez em fazer essa pergunta mas aos doentes internados, que partiram a perna ou o braço vai lá alguém distrai-los? É uma pergunta que a esses nunca faria mas aos doentes psiquiátricos faz. (risos) É estranha essa pergunta não acham?! (risos)


- Queríamos perguntar se podemos fazer alguma actividade?

- (Dr.)- Eles não são atrasados mentais.
- (Patrícia) - Nós não queríamos dizer isso…
- (Dr.) - Eu sei…
- (Denise) - Não, mas nós estamos só a perguntar se tem actividades para os ocupar nos tempos livres, como por exemplo as salas de convívio, há aquelas salas de convívio para os doentes.

- E podemos assistir a alguma actividade?

- (Dr.) Não, não é possível.
- (Denise) - E os pacientes desta ala podem sair para fora do Hospital?
- (Dr.) – Podem mas aqueles muito doentes não podem, os outros podem ir lá abaixo, ou ir dar uma volta pelo hospital.

- Já houve alguma fuga do Hospital?

- (Dr.) - Várias…
- (Patrícia) - E como é que vocês lidam com isso?
- (Dr.) - Chamamos a polícia ou a família conforme, se estiverem muito malucos chamamos a polícia e informamos que os doentes saíram do hospital, tem que se avisar faz parte da lei. Caso não avisarmos fica à nossa responsabilidade, pode acontecer qualquer coisa.

- E os doentes que estão no Hospital não vão á escola no tempo que aqui estão?

- (Dr.) Estão a falar da escola ou deste serviço?
- (Patrícia) Da escola, eles quando estão internados
- (Dr.)- Então os pacientes jovens deste hospital deste serviço… o dos outros serviços não vão á escola pois não?
- (Denise) - E eles param os estudos?

- (Dr.)- Depende, depende do tempo que as pessoas estão aqui internadas. Se for 1 mês não vão á escola 1 mês se for 15 dias não vão á escola 15 dias. E depois depende das doenças. Não mas é assim há doenças psiquiátricas graves por exemplo a esquizofrenia, na esquizofrenia as capacidades dependem das capacidades cognitivas, podem ficar bastante prejudicados. Portanto às vezes as pessoas ficam com grandes dificuldades escolares.

- O Dr. é fixo neste hospital ou trabalha fora?

- (Dr.) Tenho um consultório, sim.
- (Patrícia) Costuma fazer sessões em casa?
- (Dr.) Sessões?
- (Denise) - Terapias…
- (Dr.) Espíritas? (risos) Não, mas não dou.



Depois de agradecimentos foi o fim de uma agradável entrevista ao Dr. António Paiva, coordenador da Ala de Psiquiatria no Hospital da Nossa Senhora do Rosário Barreiro. E ficou assim decidido a ajuda da sua Estagiária Vanessa Vila Nova, comparecer na nossa Palestra na Biblioteca da Escola Secundária Poeta Joaquim Serram no dia 26 de Maio de 2011, para esclarecer todo o tipo de informação em relação ao nosso tema de trabalho no âmbito de Área de projecto – Doenças Mentais.



Denise Ferreira, Cristina Frota, Patricia Lopes, Paulo Mendes e André Quendera.

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