Psiquiatria - Doenças Mentais
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Perturbação Obsessiva Compulsiva – POC
O que é um psicopata?
Esquizofrenia
Esquizofrenia
CAUSAS
A esquizofrenia pertence ao grupo das psicoses, graves problemas mentais que se caracterizam por uma evidente desorganização da personalidade, perda de noção da realidade e dificuldade nas relações afectivas, sociais e profissionais.
A causa de esquizofrenia ainda não é conhecida. Por um lado, é provável que seja provocada por factores genéticos, pois o problema é proporcionalmente muito mais frequente no seio de determinadas famílias do que na população em geral. Por outro lado, o estudo anatomopatológico de alguns pacientes falecidos evidenciou determinadas alterações anatómicas ao nível do encéfalo; contudo, como a sua origem ainda é desconhecida, os investigadores não conseguiram chegar a uma conclusão unânime no que se refere ao seu significado.
É igualmente possível que o problema seja originado por vários factores neurofisiológicos, já que o registo da actividade cerebral da maioria dos pacientes apresenta consideráveis alterações. Por fim, considera-se que existem determinados factores psicológicos e ambientais, tais como o antecedente de uma mãe autoritária e um pai passivo ao longo dos primeiros anos de vida, que poderiam desempenhar, de um ponto de vista psicológico, um importante papel na origem deste problema.
MANIFESTAÇÕES
As manifestações da esquizofrenia, que costumam afectar as funções intelectuais, sensoriais e motoras, bem como o relacionamento, podem evidenciar-se de forma brusca, numa questão de horas ou dias, ou apresentar-se gradualmente ao fim de vários anos.
A existência de perturbações ao nível do pensamento, sobretudo delírios, correspondentes à formulação de ideias erradas, incoerentes e persistentes, que o paciente entende como reais e indiscutíveis, normalmente de índole persecutória e ameaçadora, é igualmente comum.
Como a linguagem e o raciocínio também costumam ser alterados, o paciente tem tendência para elaborar o seu discurso de forma contraditória, confusa e intermitente, atribuindo um valor mágico ou supersticioso aos objectos e às palavras, por vezes inventadas. Das alterações sensoriais, as mais frequentes são as alucinações, ou seja, a percepção de objectos ou estímulos inexistentes, que também costumam ser atemorizadoras.
Estas alterações podem apresentar-se de várias formas: visuais, em que o paciente vê objectos ou pessoas distorcidas ou irreais; tácteis, tendo a sensação de que o tocam, agridem ou abusam sexualmente; auditivas, nas quais escuta murmúrios ou vozes que ordenam o que tem de fazer ou como se deve comportar, embora por vezes não as consiga compreender.
Uma outra manifestação muito comum é uma evidente apatia ou desinteresse pelo relacionamento, em que muitos dos pacientes esquizofrénicos vivem numa espécie de indiferença praticamente constante, apenas interrompida pela manifestação de emoções injustificadas, como ataques de riso ou choro inoportunos.
Por fim, são igualmente comuns as alterações do comportamento - tais como episódios de intensa agitação ou de imobilidade absoluta -, bem como do aspecto e da expressividade corporal: por exemplo, a utilização de roupa e maquilhagem extravagante, uma evidente falta de higiene pessoal e a adopção de gestos e posições corporais absurdas.
TRATAMENTO
A forma de tratamento mais simples consiste na administração de medicamentos antipsicóticos, ou tranquilizantes major, normalmente durante longos períodos de tempo. Embora estes medicamentos possam originar alguns efeitos secundários bastante evidentes, nomeadamente uma grande sonolência e rigidez muscular, costumam ser bastante benéficos, sobretudo quando são indicados nas primeiras fases da doença.
Por outro lado, é essencial que os familiares do paciente se responsabilizem pelo rigoroso cumprimento das instruções do médico relativamente às doses, horários e duração do tratamento, pois comprovou-se que eventuais irregularidades na administração dos fármacos constituem uma das principais causas do aumento de intensidade dos sinais e sintomas.
Sempre que a evolução for favorável, o paciente pode iniciar uma psicoterapia individual que lhe permita tentar compreender a sua situação, melhorar o seu comportamento e fortalecer a sua integração no meio.
É igualmente recomendável a realização de uma terapêutica familiar, mesmo que a convivência com o paciente possa provocar várias dúvidas e situações muito complexas, porque as reacções dos familiares podem influenciar a evolução do problema.
Por fim, em determinados casos, recomenda-se a frequência, por algumas horas, de centros de dia, onde os pacientes podem realizar vários tipos de actividades manuais e sociais, já que enquanto se mantêm ocupados vão fortalecendo a sua integração no meio.
Depressão
Depressão
CAUSAS
A depressão pode ser provocada por uma série de factores, relacionados com uma certa
predisposição, que favorece o desenvolvimento do problema e por outros factores precipitantes, que a podem desencadear a qualquer momento, embora nem sempre estejam presentes.
De acordo com dados estatísticos, a depressão é muito mais frequente nos gémeos e nos filhos de pessoas deprimidas do que no resto da população, o que leva a crer que existe uma certa predisposição genética, transmitida de forma hereditária, para se ser afectado pela doença. Dado que as alterações genéticas responsáveis por esta predisposição, infelizmente, ainda não foram identificadas, actualmente ainda não é possível detectá-las.
Um outro grande factor predisponente, decerto provocado pelas alterações genéticas anteriormente mencionadas, corresponde à diminuição da quantidade e, consequentemente, da actividade de uma série de neurotransmissores ou mediadores químicos responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos. De facto, constatou-se que a diminuição da concentração e da actividade da dopamina, serotonina e noradrenalina em determinados sectores do sistema nervoso central tem um efeito depressivo no estado anímico.
A personalidade depressiva, provocada pelos factores genéticos e neurológicos referidos e pela influência do ambiente familiar e social durante os primeiros anos de vida, constitui um antecedente muito comum da depressão. Os indivíduos com personalidade depressiva caracterizam-se por uma grande obsessão com as suas responsabilidades e com a ordem nas suas amizades, no trabalho e nos seus relacionamentos; no entanto, como esta exigência é tão exagerada, acabam por achar, na maioria dos casos, que não conseguem satisfazê-la, sentindo-se frustrados e com sentimento de culpa, o que os leva facilmente a situações de stresse.
Um outro factor predisponente muito importante é a influência do ambiente sociocultural numa época como a actual, na qual são exaltados valores, nomeadamente ao nível do sucesso económico, afectivo e social, cuja difícil concretização pode gerar uma constante tensão.
Por outro lado, a acção dos factores precipitantes permite uma descida temporária, embora brusca e exagerada, da quantidade ou actividade dos neurotransmissores já mencionados, o que favorece o desenvolvimento de uma depressão. Estes factores podem ser do tipo orgânico, como em caso de esgotamento físico, ou dever-se a alguns problemas endócrinos, como o hipotiroidismo, ou ao alcoolismo.
De qualquer forma, na maioria dos casos, são do tipo psicológico, por vezes relacionados com situações que provocam uma grande tristeza: após a perda de um ente querido ou a perda do emprego, por exemplo. Por outro lado, em alguns casos, estes traumas psicológicos são provocados por circunstâncias que não deveriam ser interpretadas como negativas - por exemplo, após uma mudança de casa ou de país - ou por outras que poderiam ser consideradas positivas - como o caso da reforma ou uma iminente promoção profissional.
SINTOMAS E EVOLUÇÃO
Os sinais e sintomas afectam várias áreas da actividade do sistema nervoso: o relacionamento, o pensamento e o comportamento.
A perturbação mais significativa do relacionamento é um sentimento de tristeza exageradamente profundo e duradouro, denominado tristeza patológica. Esta tristeza pode manifestar-se progressivamente, sem causa aparente, como sucede em caso de depressão endógena, sendo mais intensa de manhã ou, então, aparecendo após um trauma psicológico, o que a torna mais grave e prolongada do que o normal.
As depressões também costumam afectar com alguma frequência o pensamento, já que a maioria dos doentes deprimidos apresenta uma diminuição da sua capacidade de concentração, da sua rapidez mental e do seu rendimento intelectual. Para além disso, costumam ter ideias fixas bastante pessimistas e assustadoras, como pensamentos de morte, sentimentos de culpa ou a sensação de serem afectados por doenças graves.
A depressão também costuma afectar bastante o comportamento. Outras características da depressão são uma lentidão psicomotora, apatia, perda de interesse pelo meio envolvente e pela interacção com os outros (o que conduz ao isolamento) e incapacidade de sentir prazer com actividades anteriormente consideradas agradáveis. Noutros casos, denominados depressão ansiosa, os sintomas predominantes são a ansiedade, o receio do desconhecido e a inquietação permanente. Para além disso, alguns doentes deprimidos, influenciados pelas suas ideias negativas e pelos seus temores, desenvolvem comportamentos agressivos que podem conduzir a tentativas ou à consumação do suicídio.
TRATAMENTO
O tratamento consiste essencialmente na administração de medicamentos específicos com efeitos anti-depressivos e na psicoterapia que deve ser adaptada às necessidades específicas de cada paciente. É fundamental que o paciente respeite escrupulosamente as indicações do médico, pois qualquer alteração no tipo de medicamento seleccionado, nas suas doses ou no tempo de administração pode diminuir drasticamente a eficácia do tratamento. Para além disso, como os efeitos destes medicamentos apenas se evidenciam ao fim de duas a quatro semanas do início do tratamento, durante este período de tempo deve-se proceder, com alguma frequência, à administração de tranquilizantes.
Por outro lado, nos casos mais graves - como acontece perante risco de tentativa de suicídio -, o paciente deve ser hospitalizado até adquirir uma maior estabilidade emocional.
Doenças mentais
Existem actividades que necessitam, pelo menos até um determinado ponto, da intervenção consciente e voluntária do córtex cerebral, como acontece, por exemplo, no caso das denominadas funções nervosas superiores ou intelectuais: a capacidade de raciocínio, o pensamento, a memória, a aprendizagem, a linguagem e o comportamento.
As doenças mentais integram um grupo de doenças relacionadas com a neurologia, a psiquiatria e a psicologia, cuja origem, muitas vezes pouco clara, deriva da participação de factores genéticos, constitucionais, neurofisiológicos, educativos, culturais e psicossociais.
As manifestações e a gravidade das doenças mentais são extremamente variáveis. Em certos casos, como acontece nas neuroses, são problemas relativamente ligeiros ao nível da personalidade, considerado o conjunto de acções psicossociais e de comportamentos que expressam as características de um indivíduo. Por fim, existem outras doenças mentais, como a esquizofrenia e a demência, que, para além das constantes perturbações da personalidade, afectam igualmente o conjunto das funções intelectuais.
No passado dia 28 De Março de 2011, dois dos membros do nosso grupo escolar foram, cujos nomes Denise Ferreira e Patrícia Lopes, realizaram uma entrevista ao Dr. António Paiva, no Hospital da Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro na forma de obter algumas respostas em relação à sua vida profissional e à sua vida pessoal.
- Dr. com que idade se tornou psiquiatra?
- E então… com que idade me tornei psiquiatra?! Aos 32 por ai… há 18 anos fazendo as contas. (risos)
- O seu nome completo?
- António Paiva. António Carlos Nunes da Cruz Paiva.
- Já alguma vez pensou em desistir?
- (Dr.) Hum… de ser psiquiatra?!
- (Patrícia) Sim… Da parte que exerce como coordenador?
- (Dr.) Sou coordenador há tão pouco tempo quer dizer, se quisesse desistir já estávamos mal (risos) … Não, do trabalho não, gosto do meu trabalho.
- E a sua família sempre o apoiou?
- (Dr.) Se a minha família me apoiou?! Apoiou.
- (Denise) Nunca houve objecções?
- (Dr.) Hum…Não, nada de especial.
- Consegue dividir a sua vida pessoal da profissional?
- (Dr.) Tem dias… Tem dias.
- É difícil ser o Dr. António Paiva?
- (Dr.) Não é uma parte simpática.
- (Denise) E é difícil ser António Paiva sem ser Dr?
- (Dr.) Não, também não.
- E tem tempo para estar com a sua família?
- (Dr.) Tenho…
- (Patrícia) E eles não reclamam entre “ ”.
- (Dr.) Não, acham imensa piada ter um pai psiquiatra… (Pausa e partilha uma foto das suas filhas). São estas aqui, são a minha família. São as minhas filhas. Não reclamam nada como podem ver (risos)
- Na sua família existe algum caso com doenças mentais?
- (Dr.) Hum… Sempre se tem um bocadinho de problemas mentais (risos) Não é? Uns piores que outros. (Pede para olhar para um poster na parede do seu consultório onde se encontra um senhor) Vocês sabem quem é aquele senhor ali?
- (Denise) - O seu pai?!
- (Dr.) - Não, não é o meu pai, é o melhor psicanalista português… Coimbra de Matos.
- E não tinha outras escolhas profissionais senão entrasse neste âmbito?
- (Dr.) - Futebolista. A sério. (Risos)
- (Denise) – É… é o oposto…
- (Dr.) – É, sempre fui bom atleta por sinal nas barreiras. (Risos) Eu gosto de correr.
- (Denise) - E porque não essa opção? Ser Atleta ou futebolista?
- (Dr.) – Como atleta não recebia nada por isso.
- Nunca foi descriminado entre “ “? Como: “Olha aquele médico maluco” ou dos pacientes malucos?
- (Dr.) – Não…
- (Patrícia) - Nunca?!
- (Dr.) - Não.
- Já houve algum caso no Hospital que o tenha marcado?
- (Dr.) – Peço desculpa mas não vou dizer isso.
- (Patrícia)- Porquê?
- (Dr.)- Porque são coisas profissionais.
- Acha que faz o suficiente para ajudar os pacientes neste Hospital ou que poderia fazer mais?
- (Dr.) – Os pacientes quê? Psiquiátricos?
- (Patrícia) - Sim…
- (Dr.) – Se eu acho que faço os possíveis? Sim faço os possíveis. Tento sempre fazer o melhor.
- Já foi atacado alguma vez? Ou alguém daqui do Hospital por algum paciente gravemente?
- (Dr.) – Fui roubado. Uma vez no metro (risos) Aqui não… não.
- Quais são as actividades que existem para distrair os pacientes?
- (Dr.)- Não… Não porque é assim nós não estamos aqui para distrai-los, são doentes psiquiátricos e não crianças. São pessoas doentes e portanto não se distraiam e actualmente tem actividades terapêuticas mais ou menos música para os ajudar mas pronto é importante perceber que não são deficientes, os doentes psiquiátricos não se distraiam. (Pausa) Você por acaso já pensou se alguma vez em fazer essa pergunta mas aos doentes internados, que partiram a perna ou o braço vai lá alguém distrai-los? É uma pergunta que a esses nunca faria mas aos doentes psiquiátricos faz. (risos) É estranha essa pergunta não acham?! (risos)
- Queríamos perguntar se podemos fazer alguma actividade?
- (Dr.)- Eles não são atrasados mentais.
- (Patrícia) - Nós não queríamos dizer isso…
- (Dr.) - Eu sei…
- (Denise) - Não, mas nós estamos só a perguntar se tem actividades para os ocupar nos tempos livres, como por exemplo as salas de convívio, há aquelas salas de convívio para os doentes.
- E podemos assistir a alguma actividade?
- (Dr.) Não, não é possível.
- (Denise) - E os pacientes desta ala podem sair para fora do Hospital?
- (Dr.) – Podem mas aqueles muito doentes não podem, os outros podem ir lá abaixo, ou ir dar uma volta pelo hospital.
- Já houve alguma fuga do Hospital?
- (Dr.) - Várias…
- (Patrícia) - E como é que vocês lidam com isso?
- (Dr.) - Chamamos a polícia ou a família conforme, se estiverem muito malucos chamamos a polícia e informamos que os doentes saíram do hospital, tem que se avisar faz parte da lei. Caso não avisarmos fica à nossa responsabilidade, pode acontecer qualquer coisa.
- E os doentes que estão no Hospital não vão á escola no tempo que aqui estão?
- (Dr.) Estão a falar da escola ou deste serviço?
- (Patrícia) Da escola, eles quando estão internados
- (Dr.)- Então os pacientes jovens deste hospital deste serviço… o dos outros serviços não vão á escola pois não?
- (Denise) - E eles param os estudos?
- (Dr.)- Depende, depende do tempo que as pessoas estão aqui internadas. Se for 1 mês não vão á escola 1 mês se for 15 dias não vão á escola 15 dias. E depois depende das doenças. Não mas é assim há doenças psiquiátricas graves por exemplo a esquizofrenia, na esquizofrenia as capacidades dependem das capacidades cognitivas, podem ficar bastante prejudicados. Portanto às vezes as pessoas ficam com grandes dificuldades escolares.
- O Dr. é fixo neste hospital ou trabalha fora?
- (Dr.) Tenho um consultório, sim.
- (Patrícia) Costuma fazer sessões em casa?
- (Dr.) Sessões?
- (Denise) - Terapias…
- (Dr.) Espíritas? (risos) Não, mas não dou.
Depois de agradecimentos foi o fim de uma agradável entrevista ao Dr. António Paiva, coordenador da Ala de Psiquiatria no Hospital da Nossa Senhora do Rosário Barreiro. E ficou assim decidido a ajuda da sua Estagiária Vanessa Vila Nova, comparecer na nossa Palestra na Biblioteca da Escola Secundária Poeta Joaquim Serram no dia 26 de Maio de 2011, para esclarecer todo o tipo de informação em relação ao nosso tema de trabalho no âmbito de Área de projecto – Doenças Mentais.
Denise Ferreira, Cristina Frota, Patricia Lopes, Paulo Mendes e André Quendera.